quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Hoje almocei almôndegas. Odeio almôndegas. Embora a moça que as cozinhe aqui em casa as chame de pelotas, o que me faz ter mais ódio ainda delas. Não sei o que acontece que não digiro muito bem carnes em geral. Principalmente almôndegas.

Tenho um passado negro com almôndegas. Fazem-me lembrar da vez que meu pai cuspiu uma amídala, quase uma mini-almôndega. Inflamação. Eca. Cuspiu todinha sem cirurgia.

Nunca vou me esquecer daquele dia traumatizante. Um horror. Papai chegou tossindo, reclamando de dor de garganta. Tossiu uma. Duas. Três vezes. Puff. Voou. Trezentos e sessenta graus. Um verdadeiro duplo twist carpado. Caiu no carpete, rolou até onde o carpete encontra o rodapé, e lá ficou.

Enquanto acudíamos papai, coitado, Matilda, a siamesa que morreu de toxoplasmose anos depois, brincava com a amídala de papai. Eca. Saí daí Matilda, gata demônia! Dizia eu em febre do momento. Catamos a amídala e jogamos fora, claro em condições higiênicas o suficiente para ser separada em um lixão. Ou reciclagem. Enfim.

No outro dia, que maravilha. Almôndegas no almoço. Minuto de silêncio. Por um momento pensamos em comer Matilda no almoço. Não seria nenhum problema levando em consideração o tanto de carne de gato que clandestinamente comemos pelos churrasquinhos da vida.

Não comemos Matilda. Mas ela morreu. Toxoplasmose. Anos mais tardem. Meu pai bem. Após uma semana de antibiótico. Firme e forte.

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