quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Natal de cinco anos atrás, atrás de uma árvore. De natal. Meu presente era um beijo guardado numa caixa vermelha que estava dentro de uma caixa maior, meio bege. O amigo não era oculto. Nossa brincadeira era outra.

A arvore de natal foi testemunha da entrega de presente mais emocionante que já fiz. Pelo menos tentei fazer. Nunca havia entregado um beijo como presente a ninguém nos meus poucos anos de vida. Casa dos meus avós. Digo casa da minha avó. Meu avô morreu. Há três anos. Infarto. Meu Deus. Gritou minha avó. Não pelo meu avô. O grito foi pela tigela nova que mamãe comprou que caiu no chão.

Voltando a árvore. Leonardo. Pedro. Miguel. Felipe. Aquela arvore testemunhou a entrega de beijos de meus primos. E eu também. Todo natal um deles entregava beijo a alguém. E eu espiava por de trás da árvore. Agora era a minha vez.

Cheguei tímido. Caixinha vermelha nas mãos. Ora parecia que estava com ela na boca. A caixa bege tremia. A vermelhinha também. A tampa se abriu e o beijo escorreu. Caiu de leve nas bochechas do tapete. Entrega mal sucedida. E para minha vergonha, Leonardo, Pedro, Miguel, Felipe estavam atrás da arvore me espiando. E riam. Eu chorei. Perdi meu primeiro beijo.

Cresci revoltado odiando natal. Até que um dia conheci Olga que de tanta bijuteria, parecia com a tal arvore. E é atrás dela que corro até hoje pra dar um beijo, não o primeiro. Mas um dos vários que ainda me restavam naquela caixinha.

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