segunda-feira, 29 de junho de 2009

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O pássaro que vejo pela manhã não é verde, mas com muita sede vem da minha água beber. O príncipe não tem cavalo, não é galã de novela e muito menos me defenderia em um duelo de espadas. No jantar não tem luz de velas, a gente bebe cerveja e água pra lavar as louças, o pássaro bebeu. Não vamos passear lá fora sem cavalo e a novela começou. O galã janta com seu amor, bate no vilão e eu invejo o que não sou. Meu reino está bagunçado, não estou valendo um trocado e aqui mesmo a historinha acabou.

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Ontem amanhã talvez hoje à tardinha, sentado num banco branco bela praça num belo horizonte, vi você passar com pasta, moletom e sapato gasto. Só se sabe quando você passa quando a camisa bem passada casa com o cabelo repartido e a barba bem cortada. Bem sóbrio sobre o banco branco naquela bela praça cheia da gente, e de graça, vejo você engomado andar apressado e carregando com cuidado, sua pasta preta também agitada. De livro à Chico, um mundo velho de sonhos e silêncios ali dentro. Agora você senta no banco e me conta à Clarissa, a saga do você chegando. Suspiro de cansaço. Aquele este esse banco inconfidente, nada confortável e sempre sorridente, foi testemunha mais ardente do nosso terno, ora moletom, primeiro abraço.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Hoje um dos meninos três vezes quatro igual a doze paixões escondidas.
Doze paixões escondidas hoje podem ser descobertas por seis outros meninos amanhã.
Cada segredo desse é uma dupla.
Cada dupla junta um segredo, de cada segredo desse nasce um menino.
Que cresce. E descobre outro segredo.
Um dos meninos descobre que três não combina com dois.Ou dois. Ou dois.
Três não. Mas insiste e multiplica.
E então um dos meninos três vezes quatro igual a onze ...

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Quero te conhecer. Ainda não te conheço e nem você me conhece, por inteiro. Então não precisa dar aquele abraço agora se não quiser. Ainda não pertenço a você e você, muito menos à mim. Então não precisa me ligar quinze vezes ao dia pra saber como vão as coisas. Não precisa traduzir cada significado. Nem me abraçar forte. Ainda. So me deixa saber quando. Onde. Vai estar sozinho.

Você sabe como fico só. Quando também. Sabe aproveitar isso. E meu coração chia. Lamenta. Quando vai embora. Quero te conhecer. Agora não. Onde. Quando. Vou indo. Em meia hora. Moletom ou terno. Menino ou projeto de homem. Como você prefere. Tênis. All Star sujo. Sapato. Preto de verniz brilhante. Ainda não pertenço a você. Não exija muito. Nem me ligue. Me traduza. Mas me abraça. Onde. Sozinho. Só me deixa saber quando.

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Rezando e remoendo meus doces sonhos e minhas intermináveis ilusões, vi no meio do nada, os seus sonhos e suas ilusões, embora em sabor diferente e distância não equivalente às minhas. No deserto uns cavalos corriam e elevantes bebiam água de doces fontes de sonhos. Nas mesmas que você um dia bebeu. Eclipse. Pensei sentir naquele exato momento o sol queimando toda a visão que tinha. Mas pensei. Só pensei. O sol não me queimou, mas por um momento me beijou nervosamente, e por um instante pensei ser você. Aos poucos meu corpo todo foi sendo queimado e a sensação de um grande beijo seu me envolvendo era igualmente quente. Um copo de vinho cai e inunda meu quarto. Do nada uma explosão. Me recuso a acordar. Me levantar e perder a sensação quente do beijo de meu amado sol. Outra explosão. Acordei e lavei o rosto. Bom dia.

sábado, 20 de junho de 2009

9


Gostaria de rebobinar a fita da minha vida só um dia e voltar ao momento em que minha única preocupação era acordar ir pra escola almoçar fazer a lição de casa e pronto. Voltar ao momento em que minha única dúvida era se eu iria partir o cabelo para esquerda ou direita e se teria biscoito ou bolo no lanche da tarde na casa da minha tia que morava do outro lado da rua. Voltar ao momento em que construia sonhos intermináveis na minha cabecinha enquanto voltava da escola, sonhando por exemplo, com o dia em que seria grande teria um carro verde antigo meu apartamento e uma tatuagem old school escrito mamãe em um coração vermelho gritante, bem vermelho. Bem coração. Igual aos dos desenhos do livro na estante da papelaria no centro da cidade.

Gostaria de rebobinar a fita da minha vida só um dia e voltar ao momento em que meu único medo era acordar e não achar meus pais em casa. Voltar ao momento em que meu maior temor era tirar vermelho, bem vermelho, em matemática e levar uma bronca e ainda ficar sem sobremesa. Meu maior medo um dia foi ter as calças abaixadas no meio do recreio e ter meu pintinho aparecendo pra todo mundo.Voltar ao momento em que o medo de assustar com filme na TV era bom.

Gostaria de rebobinar essa tal fita e voltar para o momento em que o colorido da minha vida ainda não tinha virado sépia e que o verde da arvore vibrava quando beijava o amarelo bem forte do sol.

Hoje nem sei pra que lado parto meus cabelos.

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Parte verdade. Parte mentira. Acho que entrei nos eixos. Oh meu Deus. Acho que entrei nos eixos.Entrando nos eixos saberei reconhecer o eu que estava fora deles. Parte verdade. Mais ainda terei vergonha do eu que eu era. Parte Mentira. Acho que entrei nos eixos. Meu Deus. Justo nos eixos. Não quero seguir reto. Parte verdade. Não quero seguir torto. Parte mentira. Jesus me olha. Me olha de novo. Viu. Quero sair dos eixos que conduzem minhas dúvidas. Parte verdade. Parte mentira. Quero sair dos eixos que me fazem ver dois do mesmo eu. Verdade. Verdade. Sem partes. Parte mentira. Oh meu Deus. Acho que entrei nos eixos. Que eixo. Que verdade. Que mentira.

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"Her face just brought deception to this soul. The boundaries were now broken, the tears meticulously kept in hold were now rolling down, forming a deep lake of dreamt hopes. He noticed the cycles of sadness had been present more often, her voice was fading away every each passing day. His willing body demanded to be submerged into a viscuous sin whilst his mind starved for a virginal redemption, the purest salvation, leaving behind the material dirtness. The love had become less ethereal, gaining weight like a burden, the compromises firmed with the body's fluids imprisoned that soul, transmuting the life into a regardless oblivion state".

Vindo do meu outro eu.

terça-feira, 16 de junho de 2009

6 -


Se você acha que está no caminho certo. Te provo o contrário. Se você acha que está no meu caminho. Aí pode vir. Eu sei bem do seu tipo. E daí, vou ter que jogar. Vou te levar num todo. Venha quando eu disser. Melhor não estragar o momento. Eu sei que devem existir outros. E daí, você tem que rezar. Outros pra mim. Claro. Reze por mim. Claro. Fique de joelhos. Se você acha que está no caminho certo. Agora pode ser. Se você acha que está no meu caminho. Agora sim pode rezar. Vou te levar num todo. Peça perdão quando eu disser. Melhor não acabar com o momento. Se eu fosse você, começaria a rezar agora. Fique de joelhos. Peça. Peça. Peça por mim. Comece com Querido Deus.

domingo, 14 de junho de 2009

4

Gostaria tanto de ser um par de meias amarelas pra esquentar seus pés num Julho frio. Pra ser sincero, gostaria de ser uma gaveta cheia delas, somente amarelas, para andar com você sempre. Amarelo. Ouro. Claro. Desbotado. Mostarda. Almodóvar. Gritante. E se verão chegasse. Gaveta esquecida seria. Provavelmente nunca aberta. De quando em quando para ser limpa, aberta. Evitando o mofo. E se verão chegasse. Gostaria de ser uma gaveta cheia de regatas. Nunca te vi de regatas. Seria outra gaveta esquecida. E se além de ser uma gaveta cheia de meias amarelas, o tempo eu controlasse, inverno seria o ano todo, pra que sempre perto de você, ficasse.

sexta-feira, 12 de junho de 2009



“People's fantasies are what give them problems. If you didn't have fantasies you wouldn't have problems because you’d just take whatever was there. But then you wouldn't have romance, because romance is finding your fantasy in people who don't have it. A friend of mine always says, "Women love me for the man I'm not." – WARHOL, Andy.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

3

Natal de cinco anos atrás, atrás de uma árvore. De natal. Meu presente era um beijo guardado numa caixa vermelha que estava dentro de uma caixa maior, meio bege. O amigo não era oculto. Nossa brincadeira era outra.

A arvore de natal foi testemunha da entrega de presente mais emocionante que já fiz. Pelo menos tentei fazer. Nunca havia entregado um beijo como presente a ninguém nos meus poucos anos de vida. Casa dos meus avós. Digo casa da minha avó. Meu avô morreu. Há três anos. Infarto. Meu Deus. Gritou minha avó. Não pelo meu avô. O grito foi pela tigela nova que mamãe comprou que caiu no chão.

Voltando a árvore. Leonardo. Pedro. Miguel. Felipe. Aquela arvore testemunhou a entrega de beijos de meus primos. E eu também. Todo natal um deles entregava beijo a alguém. E eu espiava por de trás da árvore. Agora era a minha vez.

Cheguei tímido. Caixinha vermelha nas mãos. Ora parecia que estava com ela na boca. A caixa bege tremia. A vermelhinha também. A tampa se abriu e o beijo escorreu. Caiu de leve nas bochechas do tapete. Entrega mal sucedida. E para minha vergonha, Leonardo, Pedro, Miguel, Felipe estavam atrás da arvore me espiando. E riam. Eu chorei. Perdi meu primeiro beijo.

Cresci revoltado odiando natal. Até que um dia conheci Olga que de tanta bijuteria, parecia com a tal arvore. E é atrás dela que corro até hoje pra dar um beijo, não o primeiro. Mas um dos vários que ainda me restavam naquela caixinha.

2

Hoje almocei almôndegas. Odeio almôndegas. Embora a moça que as cozinhe aqui em casa as chame de pelotas, o que me faz ter mais ódio ainda delas. Não sei o que acontece que não digiro muito bem carnes em geral. Principalmente almôndegas.

Tenho um passado negro com almôndegas. Fazem-me lembrar da vez que meu pai cuspiu uma amídala, quase uma mini-almôndega. Inflamação. Eca. Cuspiu todinha sem cirurgia.

Nunca vou me esquecer daquele dia traumatizante. Um horror. Papai chegou tossindo, reclamando de dor de garganta. Tossiu uma. Duas. Três vezes. Puff. Voou. Trezentos e sessenta graus. Um verdadeiro duplo twist carpado. Caiu no carpete, rolou até onde o carpete encontra o rodapé, e lá ficou.

Enquanto acudíamos papai, coitado, Matilda, a siamesa que morreu de toxoplasmose anos depois, brincava com a amídala de papai. Eca. Saí daí Matilda, gata demônia! Dizia eu em febre do momento. Catamos a amídala e jogamos fora, claro em condições higiênicas o suficiente para ser separada em um lixão. Ou reciclagem. Enfim.

No outro dia, que maravilha. Almôndegas no almoço. Minuto de silêncio. Por um momento pensamos em comer Matilda no almoço. Não seria nenhum problema levando em consideração o tanto de carne de gato que clandestinamente comemos pelos churrasquinhos da vida.

Não comemos Matilda. Mas ela morreu. Toxoplasmose. Anos mais tardem. Meu pai bem. Após uma semana de antibiótico. Firme e forte.

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Acordei às 07h15min, ninguém em casa tinha levando ainda. Fui ver se meus pais ainda estavam dormindo. Estavam. Minha mãe, como imaginei, não teve uma noite muito boa após a notícia da minha avó. Meu pai, não tinha levantado ainda. Estranho. O frio me fez ter a impressão de que algo tinha parado. Pouco movimento na rua. Assim como nas calçadas. Fiz o café da manhã e me arrumei para a aula. Ao sair minha mãe estava dormindo ainda. Meu pai tinha começado a ler o jornal na sala. Fechei a porta.

Nada de mais, hoje eu estava meio desligado. Sorri pouco, a não ser para a caixa da padaria. Ela estava de mau humor, e eu sempre sorrio para quem está de mau humor. Gosto de sorrir para quem está de cara feia. A não ser quando estou com dor de cabeça Não sorrio para mudar o dia da pessoa, ou algo do tipo. Sorrio por implicância mesmo.

Voltei para casa. Levei minha mãe para a rodoviária. Era 11h30min. Preocupada com a sua avó. Eu também. Alguma notícia nova. Nenhuma. Estado grave? Derrame. O segundo, certo? Sim. Que dia volta? Não sei, cancelei minhas aulas por duas semanas. Tchau. Tchau, dou notícias. Um abraço. Cuida do seu pai.

Dirigi sem rumo por um tempo até chegar em casa. Tinha aulas a tarde. Sorte que as tinha. Aulas me colocam no eixo de concentração. Não fujo delas, mesmo quando tenho mil coisas para pensar sobre minha outdoor life.

Acabaram as aulas. Casa. Banho. Comida. Internet. Textos. Internet. Comida. Louças sujas. Quatro vasilhas. Poucos talheres. Dois pratos. Eram dois ou três? Não importa. Internet. Divagações. Esclarecimentos. Novas dúvidas. Algumas certezas mais. Sono. Dentes. Listerine. Internet. Tchau. Sono. Cama.

Dormi. Profundamente. Sonhei. Acordei no meio da noite. Dormi. Despertador. Acordei às 07h15min, meu pai não tinha levando ainda...